22 de dezembro de 2010

'Tá' tudo errado ¬¬

Qual é a melhor forma de pedir desculpa para uma pessoa? Sabe... Eu sempre fui uma pessoa orgulhosa, e eu sempre me orgulhei disso. Mas, com o tempo a gente vê que isso não é bom, e eu acho que o nome disso é amadurecimento. E eu fui deixando meu orgulho de lado. E isso é difícil acredite.

Eu ando confusa com certas coisas, apesar de que eu ando confusa com tudo. Anda acontecendo tanta coisa comigo que eu acho que não estou sabendo lidar, e eu estou perdida. Eu queria que alguém me falasse o que vale realmente a pena fazer e o que não é para eu fazer. O que estou fazendo certo e o que estou metendo os pés pelas mãos. E essa segunda opção eu acho que ando fazendo mais.

Eu andei machucando pessoas que não devia. Eu andei me machucando. Eu andei acabando com alguns de meus sonhos. Eu andei realizando outros. Eu andei fazendo tantas coisas que não julgo certo. Outras que queria. Eu andei fora de órbita. Eu cai na realidade. Eu fui pra lua. Eu voltei pra Terra. Eu dei tantas voltas. Mas isso tudo por que eu estava procurando a tal da felicidade. E cadê ela?

Pois é... Tem horas que eu esqueço que ela é apenas um estado de espírito, algo momentâneo e eu no meu súbito egoísta a quero pra mim, quero ela grudada a mim. Sabe assim, pra sempre? Pois é. Eu quero ser feliz! Será pedir muito? Não sei.

No entanto, eu vou levando... Estou em uma confusão, em uma mistura de sentimentos, em uma fase que não sei explicar o que sinto. Sabe quando você chora com qualquer música, até com o “pintinho amarelinho”. É caros... A Aryana esta assim... Se quiser xingar sintam-se a vontade estou super “bixona” mesmo, e um choro a mais não fará mais diferença, afinal, “TA TUDO ERRADO”!

E sim, isso é um desabafo! ¬¬

19 de dezembro de 2010

Sim... Isso é quase um balanço!!! =)


E estamos em dezembro... E eu descobri tanta, mas tanta coisa esse ano que sinceramente eu precisava de mais um ano para contar! Ano passado nessa mesma época eu escrevi em um lugar mais ou menos assim: “...nesse ano eu chorei, eu sorri, fiz amizades, eliminei outras, decepcionei pessoas, mas também fui decepcionada, tive momentos de alegria e de tristeza, mas o de alegria foram mais, baguncei horrores, tirei minha habilitação, coloquei aparelho, amei e desamei meu namorado, mas continuo apaixonada, encarei um centro cirúrgico pela primeira vez e superei,pensei bastante no meu tcc, embora esteja longe e já sei tudo como será, ajudei pessoas a atravessar a rua, mas também fiz maldade com muita gente que não gosto...”

Enfim, eu fiz tantas coisas ano passado né... Mas, eu quero falar desse ano, esse ano que esta acabando e que eu julgo que não foi um ano tão produtivo! Eu estava no estacionamento da faculdade que por sinal estava quase um deserto, e conversando com um amigo que também estava indignado de alguma forma, chegamos a conclusão que o não foi bacana mesmo e ele soltou: “E uns seis meses só por sua conta”. Pois é.

E sabe o que nos restou? Decidimos pegar a estrada e curtir a natureza! E é isso que fizemos no último domingo. Talvez foi uma das coisas mais malucas que fizemos, por que não foi nada planejado com antecedência. Mas, não vivemos tudo que precisávamos, perdemos coisas no caminho, e precisamos resgatar, precisamos de algum modo pegar tudo o que nos foi tirado, de algum jeito queremos tudo, tudo o que é nosso por direito. E sim, como disse uma amiga minha a nossa música do momento é... “Vou deixar a vida me levar, pra onde ela quiser...”, afinal, o que levamos dela é ela mesmo!

E disso eu sei, ou me fizeram saber, ou eu soube sozinha, ou sei lá. Minha mente esta com uma mistura de sentimentos, mas uma mistura de informações, uma enchente de emoções, não da pra passar para um papel, as letras não combinam para formar palavras para definir o que eu sinto.

Esse ano eu perdi tantas coisas... Mas coisas que eu sempre julguei essenciais em minha vida que chegou uma hora que eu me perdi nessas perdas, redundância? Quem disse que não! Aconteceram tantas coisas patéticas esse ano, que eu não queria nem comentar, mas eu sinto que existe essa necessidade de falar, algo me diz que eu preciso ao menos tentar extravasar.

Eu me submergi na realidade. Eu não me reconheço ás vezes, e isso pode ser bom. Eu li no twitter de um amigo que ás vezes quando nos colocamos do avesso pode ser que nos encontramos mais ou menos isso que estava escrito. E pode ser esse rumo que minha vida esta tomando. Essa não é a Aryana, mas se é ela que esta ai, então vai ela mesmo.

O que tenho certeza é que mudei e não sei se esta notável essa mudança, ontem falei com minha madrinha e ela disse que até por ser, mas outras vezes sou eu mesma que estou aqui. Pode ser que por algum instante tive um momento de alivio, ou não. Talvez eu queria ter matado aquela menina e ter feito o parto de uma mulher. Ou não de novo. Sei lá ao cubo. Sim, mais uma vez essa mistura de sentimento toma conta de minha mente.

Esse ano foi tão confuso não? Começou até que bem, ao do nada ele resolveu chamar atenção, que carência né? Seria essa a palavra? Não sei... Eu até gostava do ano de 2010, eu achava ele simpático coisa e tal, nunca tive nada contra ele. Aliás, eu acho que até segui meus costumes na virada, fiz minhas simpatias, pulei com o pé direito na virada, fiz a dança da lentilha, tomei meu champanhe e joguei o resto pra trás, passei com grana no bolso, fiz pedidos, pensamentos positivos, passei com aquela lingerie de cor especial, entre outras coisas, sim... Tudo isso e um pouco mais! Claro, todo ano dá certo e por que esse não daria não é? Claro que ficaria bem, eu teria um ano lindo, com paz, amor, saúde e dinheiro, pronto seria feliz e até 2011!

Pois, não foi bem assim, e como isso foi dolorido. E parece que levou algo de mim, e levou de certa forma. Levou coisas que eu sei que não posso ter nunca mais, outras eu pude me proporcionar a ter, outras quem sabe o tempo me trará, outras ficaram na lembrança. Certas lembranças ficaram quietas, outras insistem em voltar.

Em maio minha vida teve aquela grande mudança. Eu passei dias presa em um local que no começo não era agradável, não que depois se tornou agradável, mas é que as pessoas o tornou. Eu fui acolhida com um carinho tão bonito, de uma forma tão singela que a minha hospedagem por aquele local se tornou mais leve. E hoje eu analisando nem me lembro dos dias ruins só dos bons. Pode ser super estranho, mas eu chorei e senti saudades dos dias que eu estava lá, sim, isso aconteceu. Mas, sabe quando as pessoas te tratam bem? E você se sente acolhida? Era assim que acontecia.

Eu passei 40 dias no hospital e conheci anjos. Eu conheci anjos de branco, anjos de marrom, anjos de rosa, anjos de roupas normais... Aliás, de todo tipo. Era aquelas meninas que iam limpar o quarto com aquele uniforme rosa, que ficavam conversando comigo e me fazem rir com cada história. Eram aquelas outras de marrom que levavam aquele tão famoso frango que não agüentava mais, no entanto ele era fiel, toda hora no almoço estava presente. Era aquelas meninas e meninos de branco com um sorriso, abraço e uma palavra que faziam toda a diferença.

Alias, foram eles que fizeram toda a diferença. Eu precisaria de muitas linhas, parágrafos, e mesmo assim acredito que não daria para dizer o quanto cada um foi especial em minha vida. Era aquele que entrava no quarto só para contar uma piada. Aquele que ia só para ligar a televisão na rádio e ficar fazendo palhaçada. Era aquele que ia só para “pilotar” a minha cadeira de banho. Aquele que ia para me tirar da cama. Aquele que ia só para conversar. Aquele que ia só para me colocar em pé. Aquele que ia só para me dar com bom dia. Tinha aquela que ia só para saber aquela fofoca. Aquela que ia só para me falar algo legal. Aquela que ia só para saber como eu estava. Aquela que ia para me dar bronca. Aquela que ia para me dar só um abraço. Ahhh... Tiveram tantos!!! Os anjos de brancos, eu não posso explicar como foram sensacionais e como é inexplicável a importância deles em minha vida e em minha recuperação principalmente. Eles fizeram toda a diferença. E eu queria poder agradecer a cada um deles.

Sabe, eu aprendi desde pequena que a gente precisa fazer o que a gente gosta, que assim a gente faz bem feito. E eu aprendi dentro daquele hospital que isso é verdade. Aprendi com os anjos de branco que isso é verdade. E mais, eu aprendi com um anjo que nem gosta muito de usar branco, ele gosta de usar preto. Eu aprendi que quando temos fé, o resto é conseqüência. E eu aprendi também com outro anjo que vive de branco que ás vezes é preciso fazer escolhas, e nem sempre é possível fazer o que esta escrito nos livros, por isso precisamos usar o bom senso. Ela e ele me ensinaram que vale a pena lutar. E a eles eu devo a minha vida. =)

Ahhh... Esse ano foi tenso né!!! Eu aprendi e desaprendi tantas coisas... E quer sabe? Nem me deram tempo de ensaiar. Foi muito rápido esse período. Foi muito ligeiro. Falaram, “vai lá Aryana esta na hora de crescer”. E deu um choque cultural, temporal, hormonal, e sei mais lá o que na pessoa aqui. E juro que estou tentando me recuperar. Eu fui até careca esse ano, eu aprendi a andar, falar, e estou tentando me entender com os números ainda. Foram muitas, muitas coisas mesmo em pouco tempo! Eu sei que fui bebê e adulta! Mas, que continuo sendo uma criança e do nada surge uma mulher. É... Não tente entender, nem eu mesma arrisco.

Hoje eu penso que tudo foi aprendizado, um pouco puxado, mas foi. Eu tento tirar proveito das coisas agora. Eu aprendi a ter paciência, afinal eu vi minha vida a ser confiada por efeitos de remédios e eu nada poder fazer a não ser esperar. Eu vi que depois que deixamos de respirar por alguns instantes enxergamos a vida de maneira diferente. Hoje eu sei o valor da vida, ou não, isso é algo relativo. Tem horas que eu me esqueço de tomar os remédios e eu e levo bronca do tipo: “quer passar por tudo aquilo de novo?” Ai eu paro e penso... “Aquilo? O que mesmo?” Foi fichinha!!!! HAHAHA!

Sim... Dizem que nada é pesado para quem tem asas, as minhas são as mais firmes, fortes e mais, mãe me desculpa! Mais, a mais fod@! Eu tenho Deus em minha vida, eu tenho a melhor família por mais que seja cheia de acontecimentos que só os Lobos entendem, eu tenho os melhores amigos, eu tenho os melhores médicos, eu tive a melhor equipe que cuidou de mim. E dessa equipe tem uma que esta no céu agora, que de tão boa Deus quis ela com Ele! Eu estava falando com meu médico neurologista e eu reclamei desse ano e ele disse que não era pra eu pensar assim, e que era pra eu pensar que esse ano foi o ano da “vitória”, que eu venci! E foi né?! =)

E que venha 2011!!! \o/ Que esse promete, por que nele eu vou.... SER FELIZ!!! *-*[Não faço mais tanto planos.. Agora deixo a vida acontecer!!!]

3 de outubro de 2010

E a vida é para ser vivida...

E sabe quando parece que aconteceram um monte de coisas e algumas vezes você nem acompanhou? Então... Bem isso! Eu não abandonei meu caçula, não faria isso, até por que eu entro aqui todos os dias e vejo como ele é lindo. Coisa de mãe!

Minha vida mudou de forma tão doida. Vou usar essa palavra por que eu acho que retrata bem. Quem me conhece sabe bem o que eu estou falando. E quer saber? “Tô curtindo”. Eu sempre falo que não podemos ficar lamentando, e isso parece que cada hora martela mais na minha mente. Não vou lamentar o que passou, já foi mesmo.Se fizesse isso estaria perdendo tempo de aproveitar o que eu posso mudar agora, desperdiçando o que Deus deu de melhor, nosso presente. Olha que lindo, “presente”, borá aproveitar!!! ^^

Sim, ando estranha algumas vezes. Minha mãe disse isso. Meus amigos confirmaram. Mas, é que às vezes existem sentimentos que não sei lidar, não me façam perguntas agora, não saberia responder. Tem horas que me vem uma explosão de sentimentos, que da vontade de sair correndo... E o pior, para os braços de alguém! Mas, isso nem vem ao caso, é quase uma piada interna comigo mesma!

Tem horas que me sinto tão livre, que eu me perco. Mas, logo me encontro. Estranho? Pode até ser, mas é bom. Existem horas que da vontade de resgatar uma Aryana, que eu sei que nem existe mais. Mas, ela era legal também sabe?!

Tudo bem né. A Karla esta firme e forte aqui hehehe! Estou feliz. Por mais que eu acredite que felicidade é algo momentâneo, e que isso passe. Aliás, eu sempre acredito que tudo passa. Não me iludo, eu sempre acho que tudo acaba. E sempre acaba mesmo. Entretanto, eu tenho esperança e confio que “até quando uma flor cai no outono, a primavera trata de colocar outra no lugar".

E é isso. Não, meu post não acaba assim! Eu não tenho apenas isso para dizer à vocês, a realidade é que eu tenho tantas coisas que estou perdida. Mudaram tantas coisas. Eu acredito que é por que os dias estão passando rápido demais, tenho quase certeza disso. Fiz uma pulso e passou tão rápido o período de enjôo, e olha que eu sempre fico chata, sim, mais que o comum. Quase um ser insuportável, e um tanto quanto exagerada também.

Esses dias eu também estava revoltada com minha peruca. Queria, desejei como ninguém meu cabelo, o pior aquele cabelo maior que eu tinha. E eu não tinha como ter isso e isso me irritou. Me irritei demais, e chorei feito criança. Eu quero, eu quis ter o direito de ser fútil. Eu fui forte um bom tempo, e me orgulhei disso, e para mim isso bastava, ou bastou por aquele tempo.

Tem horas que parece que eu sei tantas coisas, e tem horas que parecem que todas as coisas que eu sabia somem de minha mente. Eu fico perdida, totalmente sem rumo. E eu fico ali, no meu canto, parece que esperando algo de extraordinário acontecer. E às vezes até acontece, não do jeito que eu queria, ou do modo como eu planejei, mas, acontece. E sei lá sabe, tem coisas que nem comento.

Tenho tantos planos, que algumas vezes não da tempo de executá-los. Eu coloquei em algumas redes sociais que tinha um plano para mudar o mundo e recebi comentários engraçados. Parece que ninguém entende que eu tenho mesmo um plano. Só não sei por onde começar, mas vou descobrir. Talvez eu comece por mim.

É isso. Eu estou vivendo diferente. Não tanto, mas to. Estou aprendendo a ser mais séria com certas atitudes e mais brincalhona, se isso fosse possível, com outras. Aprendi a deixar de gostar e aprendi a começar a gostar de novo, e isso é tão estranho. Mas, de tão estranho se torna patético e de tão patético, se torna mágico. E eu descobri o melhor de tudo, sou mesmo apaixonada por mim.

E quando você descobre que é apaixonada por você mesmo é tão bom. Por que ai você pode brigar com você, pode falar mal você, pode ter tantas misturas de sentimentos que você se entende. Isso é algo que só quando você tem um encontro com você mesmo, irá entender. Nesse exato momento estou ouvindo a música do Jorge e Meteus, que fala. “Hoje eu acordei gostando mais de mim, vou cair fora, vou na boa...”. Foi bem minha cara essa música por um tempo. Ou até é. Gostei mais de mim, e agora gosto. Apaixonei.

E agora largando um pouco meu egocentrismo. As pessoas também mudaram né? Alguém percebeu, ou foi só eu? Mas, isso eu falo depois. Ta tudo bem. Eu não deixei tão de lado meu egocentrismo.

Eu queria conseguir explicar todo esse vulcão que está acontecendo dentro de mim. É complicado esse lance de perder e ganhar as coisas em curto período de tempo. Desse jeito eu viro um furacão chamado Aryana Lobo, ou quem sabe uma calmaria cujo nome seria Karla Barroso. E por que não as duas juntas...

O que eu sei e por mais que seja clichê, é que não sei mesmo nada. É bom aprender. Eu gosto de aprender. Melhor ainda é aprender e descobrir que cada dia tem mais para aprender! Afinal, a vida é feita para ser vivida! ;D

2 de setembro de 2010

Foi no dia 31 de maio...

Foi no dia 30 de maio que me enganaram. Me enganaram por que me disseram que eu só ia passar a noite no CTI e logo iria voltar. Isso por que no mesmo dia, o Dr. Renato havia feito um alarde todo por que fui fazer uma tomografia do pulmão e talvez eu não agüentasse e ele avisou que poderia me entubar. É normal na vida dos médicos, não na minha. E eu não sentia muito, como muitas pessoas poderiam dizer.

Talvez nesse post minhas palavras sejam um pouco de revolta, desabafo, peço já desculpas. Mas é que nesse dia começou a semana, até hoje mais tumultuada de minha vida.

Foi assim. Aquele domingo não começou legal, afinal eu passei praticamente a noite toda acordada. Mas foi até bacana, conversei bastante com três pessoas que fizeram as horas passarem rápido.

Eu sempre achava que aquilo ia passar ligeiro, mas no fundo eu sabia que não estava bem. Eu sabia que não estava legal. Eu havia desmaiado no banheiro um dia anterior. Eu não conseguia respirar direito. Mas algo dentro de mim dizia para eu acreditar que tudo ficaria bem.

Lembro que nesse dia tinha de tudo pra comer no meu quarto. Tinha pão de forma, presunto, mussarela, biscoito de maisena, chocolate, bolacha, bolo e logo a noite o tio Zé iria me levar quibe e ele levou, só eu que não comi. Isso era bastante coisa pra quem estava no hospital. E eu não conseguia comer nada. Absolutamente nada.

Minha barriga era grande demais. Parecia que eu tinha uma lombriga criada hahaha... Era dura e ao mesmo tempo mole. Não da para explicar ao certo, mas para ter noção era como um pedaço dela estivesse congelada e a outra derretida. Muito estranha. Ela doía, eu estava enjoada. Eu queria colocar alguma coisa para fora, mas não tinha muito para colocar.

Lembro que no domingo a tarde comi um pedaço do bolo que levaram como lanche do hospital. Comi um pedaço daquele bolo por que ele tinha cobertura de chocolate e as meninas da copa caprichavam demais nos bolos. Não resisti. Nem que fosse para eu comer um pedaço eu precisava.

Sei que eu queria churrasco. De toda lei eu queria churrasco. Não iria conseguir comer, mas talvez se alguém tivesse levado eu iria ficar feliz só por ver a mandioca e a carne assada, tamanha era minha vontade. Isso por que eu não aguentava mais comer frango todos os dias.

Acordei na segunda não lembro que horas, nem sei bem como acordei. São coisas que parece que nossa mente apaga da memória de propósito por conta de choques. Sei que aquela pessoa não era aquela menina cheia de sonhos, aquela pessoa que acreditava que tudo uma hora iria se resolver, aquela moça que o senhor da ambulância dizia que com aquele sorriso iria melhorar rápido por que nada melhor que sorrir. Ali estava outro personagem da história.

Talvez alguns até entendam como erro de leitura, fora de foco. Coisas assim. Mas de tudo o que eu posso dizer aquela não era a menina que desenhava estrelas na pulseira de identificação e soltava uma alça da blusa do hospital, por que acreditava que assim ficaria mais estilosa. Alguém no meio da noite havia levado ela dali, e o pior que me deixaram com uma pessoa que eu não sabia lidar. E quando a gente não conhece, parece que ficamos de mãos atadas, sem saber como agir, não sabemos de sorrimos, choramos, paramos, corremos, a realidade é que ficamos perdidos.

Sei que sentia dor. Mas eu sentia dor, tanta dor que não sei ao certo aonde doía. Tem horas que chego a pensar que esqueci a dor. A sensação da dor que senti, saiu da minha mente como um passe de mágica. Não recordo como era, mas ela existiu. Eu queria ficar bem e queria minha mãe, era isso que eu pedia.

Não conseguia ficar bem. Cada minutos que passava parecia que aquela dor consumia minha energia e minhas forças, ah minhas forças, isso já não fazia parte de mim. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que algo estava acontecendo. Eu não sabia o que precisava ser feito, mas sabia que precisava ser feito algo. Era tudo tão confuso.

Não tomei café-da-manhã e isso eu nem percebi. As pessoas me olhavam e parecia que elas iriam me dizer alguma coisa e eu não sabia ao certo o que. Eu não tinha mais acesso, ou seja, veia para colocar soro, medicação. E isso me deixava apavorada por que eu tinha pavor de passarem intracath em mim. Intracath é o acesso central que eles colocam perto do peito ou no pescoço, é mais resistente para fazer medicação, mas dói para colocar.

Na noite anterior duas meninas tentaram de forma insistente achar veia nos meus braços. Mas já iria fazer um mês que eu estava ali, recebendo medicação forte, minhas veias estavam ficando estressadas, elas queriam sossego também. Lembro da Dayane uma tec. de enfermagem dizendo para o médico que ela iria tentar a última vez. Acho que aquilo marcou muito. Foi estranho por que ela estava de um lado e a Rosinha de outro, ambas furando meus braços tentando achar veia que prestasse. E nada.

Na segunda não foi diferente. Outras meninas tentaram. Na hora de tirar sangue foi terrível. Escrevendo agora parece que sinto a dor da agulha perfurando meu punho e enfiando até a artéria para fazer a gasometria. Nossa aquele exame que vê a oxigenação do sangue é terrível. Parece que a agulha atravessa o braço, aquele sim dói.

Mas teve uma hora que não dava mais para tentar. Era judiação demais com aquela menina, ela estava sofrendo. Chamaram o médico e passaram o tão temido intracath nela. Tempo depois passaram sonda também.

Depois de um tempo comecei a acreditar que estava pior do que eu imaginava. E essa sensação se deu quando eu fiz um exame chamado ecocardiograma. E na hora que eu estava fazendo o exame eu vi que a médica assustou, e chamou outra média e comentou. Foi ridículo. Sim, ridículo, por que alguns segundos eu vi minha vida sendo discutida na minha frente.

Nessa altura eu não conseguia ficar sentada e deitada para mim era a morte mais rápida. Não sabia como fazer. Eu queria me agitar, eu até tentava. Mas não conseguia. A sensação de impotência era absurda.

Respirar! Nossa, respirar era a coisa mais patética a se fazer naquele momento. Não conseguia fazer isso. Eu tinha uma máscara no meu rosto que parecia que ia me sufocar, mas ali continha dez litros de oxigênio para ajudar na minha respiração. Eu que ousasse tira-la.

Parece que tudo que eu tinha pavor estava acontecendo. Tudo o que eu não queria estava acontecendo. Tudo o que eu sempre rezei para jamais acontecer, estava ali acontecendo e eu presenciando de perto o espetáculo.

Sei que os médicos conversavam, eles olhavam exames. Eu chamava a Paula, uma técnica de enfermagem que cuidou de forma maravilhosa nesse dia de mim. Eu chamava e ela vinha. Eu às vezes chamava só pra ela ficar ali comigo e ela ficava.

Eu tinha medo. A verdade é que eu tinha pavor. Tinha também uma sensação que não sei explicar. A vontade que eu tinha era de sair correndo e gritar. “Ah seus bobos eu estou bem, era só brincadeirinha”. Como às vezes somos ingênuos. Eu não podia sair correndo sem meu balão de oxigênio, aliás eu nem ao menos podia sair correndo. Eu nem andava nesse dia. Realmente era um pesadelo.

Sei que olhava para o lado e via que tinha gente dormindo. Eu comecei a acreditar que ficar em coma não era tão ruim assim. Seria ruim para as pessoas que estariam conscientes. Mas fui tão egoísta a ponto de pedir para a médica me induzir ao coma. Eu implorei na realidade. Era covardia, o extremo do desespero. Eu não controlava mais meu corpo, parecia uma gelatina, meu coração era demais de acelerado e eu lá parada, fazer um simples movimento de dizer não com a cabeça parecia que eu havia corrido a maratona, eu sentia dor, eu não estava bem.

Eu sei que quando eu vi minha mãe eu não consegui falar e nem chorar. Faltavam forças para isso. Eu apenas peguei na mão dela e com o olhar eu disso tudo que ela precisava. Eu pedia socorro, eu pedia para ela me tirar dali. Eu queria minha mãe comigo. Ela não agüentou. Ela disse que eu precisava ser forte, a única coisa que eu disse foi para ela me perdoar caso eu fraquejasse, por que naquelas condições eu não podia prometer nada para ela.

A médica levou minha mãe. Hoje em dia ela me conta que sentiu uma dor muito grande que ela não consegue descrever. Que ela se sentia incapaz demais, que não conseguia me ver sofrendo daquela forma e não poder fazer nada. A médica havia chamado minha mãe antes da visita para falar comigo, por que eu não estava em condições e eu queria vê-la. Por essa razão ela conta que quando chegou do lado de fora do CTI a única coisa que ela disse foi perguntar a Deus por que Ele havia abandonado ela naquela hora.

Eu não sabia ao certo o que eu tinha. Mas eu sabia que não estava bem, era notável demais isso. Lágrimas escorriam pela minha face. Meu fisioterapeuta tentou fazer inalação comigo e foi terrível. Era terrível tudo aquilo.

Eu pedia remédio e parecia que o remédio nunca chegava. Depois que eu havia feito o eco, raio x, tomografia, decidiram que eu iria fazer outro exame. Fiquei o dia todo sem comer por conta desse exame. Não sabia ao certo que exame era esse, mas se era pra eu melhorar que fizesse logo por que não agüentava mais sofrer.

Mas eu não podia fazer aquele exame. Eu estava fraca demais. Não aguentava chegar nem na ambulância. Os médicos disseram que iriam me colocar em coma induzido para fazer o exame e depois voltar tudo ao normal. Eu falava que era para me dar um sedativo logo por que eu queria dormir e só acordar quando tudo tivesse passado.

A Dra. Josane chegou e disse que ficaria tudo bem. Eu sempre acreditei nela. Por mais que nesse dia ela não falou direito comigo. Ela estava nervosa. Ela conversava com os outros médicos, eu lembro que ela disse para um falar baixo que do box onde eu estava eu escutava tudo.

Chegaram numa conclusão. Eles não tinham um diagnóstico do que eu tinha e eu não conseguia fazer o exame para definir o diagnóstico. Olha que bacana, eu deitada sem saber de nada e minha vida por um fio.

Minha médica chamou meus pais. E falou o que todas as pessoas que tem pessoas em hospital não querem ouvir. Eu estava em estado grave e eles não sabiam ao certo o que fazer, eles havia chegado em um consenso e iriam arriscar uma medicação por que não conseguiria outra coisa, e do jeito que eu estava eu tinha apenas 10% de chance de vida.

Pronto. Minha tia ajoelhou. Minha mãe chorou. Meu pai foi embora. Minha médica entrou para autorizar a medicação. A sorte estava lançada. E eu estava esperando. Eu nada podia fazer. Eu sempre digo que Deus colocou no meu caminho só pessoas com competência e honestidade. Minha médica depois de uns dias disse que ás vezes era melhor usar o bom senso do que estava escrito nos livros. Foi isso o feito.

Disseram que era pra eu ficar calma. Nesse mesmo dia eu desidratei. Tive calafrios terríveis. Mas a tarde eu cochilei. Acordei eu estava respirando melhor. Quando eu acordei ainda não sabia que não iria fazer o exame e aquele exame me dava medo. Me dava medo por que disseram que iriam me dar um remédio para dormir, tinha medo de quando e como voltaria.

A Dra. Rejane veio e disse que não iria fazer o exame. Lembro que estava deitava um pouco sentada, essa era a única posição que eu parava. Nessa hora eu estava sã. De manhã parecia que eu desmaia diversas vezes e voltava. Ela disse que não iria mais fazer o exame por que eu estava melhor. A partir de então coloquei na cabeça que estava melhor e cada minuto ficaria melhor.

Minha mãe entrou para a visita. Eu disse a ela para avisar o pessoal lá fora que eu voltava que podia demorar, mas eu voltava. Eu estava melhor e eu sabia que eu estava melhor. A realidade eu sabia que essa afirmação naquele momento no fundo era ilusão, mas agarrei firme naquilo.

Sei que meu pescoço quase nem mexia, aquele troço no meu peito era estranho. Eu mesma “acabada” disse para minha mãe que havia virado homem por que tinha “torneirinha” da sonda. Que por sinal me incomodava. Não podia perder o bom humor. Eu sentia minha cabeça pegando fogo. Eu não conseguia me mexer. Eu não podia me mexer na realidade. Eu estava presa a uma cama sem saber por quanto tempo e nem ao certo o por que.

Passei a semana tensa. Tomei banhos de leitos que achava humilhante no começo, mas depois percebi que isso só comprova que não somos uma ilha mesmo. Foi a semana que eu perdi meus cabelos. Foi a semana que eu passei no hospital sem minha mãe. Foi a semana que eu mais senti saudades. Foi a semana mais dolorosa. Foi a semana de maior aprendizado. E o mais essencial foi a semana de mais fé. Escutei uma menina lá do hospital dizendo assim: “Aryana em cada cantinho tem alguém orando por você, você é muito especial”. Eu Tive mais forças nessa hora.

Descobri depois que eu tive uma embolia pulmonar. Mais uma complicação do lúpus. Eu tinha um coágulo no coração, meu coração estava grande também. Mas a maior preocupação era o coágulo. Ele não podia se desprender por que caso contrário coria o risco de entupir uma artéria do pulmão e ai adeus Aryana Lobo. Cheguei àquela noite de domingo com o fígado inchado, meu ruim estava funcionando apenas 37%, meu útero estava me dando problema, ou seja, meus órgãos estavam pifando.

Confesso que me revoltei diversas vezes no hospital. Briguei comigo mesmo e me chamei de incompetente por estar presa e não sair correndo. Mas foi naquela semana que eu aprendi a ter paciência, e vi que fé essencial na vida da gente. Acredito que precisamos acreditar, sempre acreditar, seja em qual for a coisa que queremos, precisamos acreditar, se pelo menos gente acreditar, já é um bom começo.

Foi uma semana tumultuada, eu quis ter coisas que não podia. Eu vi coisas ali naquele CTI que queria apagar. Eu escutei coisas estranhas. Eu escrevi coisas demais, eu estava melhorando pedi caderno e caneta e comecei a escrever. Eu cumpri minha promessa eu sai de lá, e não demorei, na sexta-feira eu disse que estava melhor, me levaram para fazer exame o coagulo havia sumido.

Podem chamar do que for. Eu chamo de milagre. Eu cumpri a promessa que eu fiz para minha mãe, eu voltei. Eu vivi. Eu lutei. Eu lembro que fui fraca, ou talvez sincera e disse que não iria dar conta e ela fez eu prometer que iria tentar. Eu tentei. Não sei ao certo a gravidade de tudo, mas passou.

E eu sempre pensava nisso. Era na hora do apuro, ou não eu pensava nisso. Eu olhava para um crucifixo e pedia apenas força e paciência para Deus se fosse para eu sair daquela. E ele me deu, e te falo uma coisa, Ele estava ali o tempo todo segundo minha mão. Por que eu sentia, simples assim!

29 de agosto de 2010

O amor tem disso!

Aconteceram tantas coisas que o amor mudou. Sei lá sabe, não da pra definir bem o quanto ele mudou, mas ele se transformou e isso foi estanho, talvez um tanto quanto doloroso. As mudanças fazem parte da vida, porém algumas machucam e queremos que essas passam da maneira mas rápida possível.

Assisti uma vez um filme que o cara possuía um controle remoto que passava capítulos. Às vezes queria fazer isso. Passar esse capítulo para saber se vale mesmo a pena tudo isso, saber o que tem vem pela frente, se isso tudo tem algum valor. Mas, depois paro pra pensar e claro que tem, é óbvio que tem. Esses dias eu li que a vida vale a pena ser vivida nem que for para dizer que não valeu a pena. É quase isso, então vai viver.

Super fácil na teoria. Vai fazer isso na prática. Tem horas que temos ferida que se mexer ela sangra. Se cutucar demais ela jamais vai cicatrizar. E o pior, muitas das vezes nós mesmo sabemos disso e fazemos a mesma coisa. Engraçado como o ser humano tem a capacidade de errar tanto tentando acertar.

Existem coisas que importavam muito, agora já nem fazem sentido. Outras que não faziam sentido agora já passaram a serem importante. Não tem como saber quando foi que essa mudança tornou-se real, e nem sei o exato quando comecei a sentir na pele. Acredito que foi como aqueles venenos mais suaves, aqueles que vão matando aos poucos. Quase isso, acho que fui sentindo aos poucos, e tem horas que nem da pra perceber.

Tem horas que acredito que estou no lugar errado. Erro de roteiro, capítulo errado, personagem fora de cena, ou coisa parecida. Parece que esta tudo fora de eixo, as pessoas não decoram as falas, estão levando na brincadeira, e que não fizeram o ensaio certinho. Mas que coisa não é? Na vida não existe roteiro certo e muito menos ensaio. E admitir isso é a pior das falas.

Parece que as coisas deslizaram entre os dedos, que o vento levou alguma delas. Que algo ficou na estação passada. E cada dia que passa tenho essa certeza. E foi aquilo, aquilo que eu acreditava que era tão bonito. Deve ser aquilo que eu chamava de amor.

As pessoas são diferentes das outras, e talvez por essa razão o amor seja algo tão fantástico de ser vivido. Descobrir o que a outra pessoa gosta, querer surpreende-la, ficar “bobão”, essas coisas que o amor faz com as pessoas, eu acredito que seja uma das coisas mais belas da vida. Eu acredito que amar seja algo mágico, coisa linda mesmo.

As pessoas quando amam, ficam encantadas, sempre querem fazer o bem. Coisas de pessoas apaixonadas. Mas é importante nunca deixar que o encanto acabe. Se o encanto acabar já não sei o que pode acontecer. Existem crises, e só quem ama consegue superar, não há uma fórmula, se houvesse todos queriam.

Se houvesse uma formula para o amor, talvez não existisse graça. Uma das maiores graças é arriscar. Aquela coisa de uma pessoa inconseqüente. Aquele dito, “dar a cara a tapa”. Quem não mede esforços.

Um dia eu disse que quando eu amo eu amo pra valer. Eu confirmo. Eu não sou de ficar demonstrando. Quem me conhece sabe, posso não ser a última romântica desse mundo, mas sei amar. Amo do meu jeito e acredito que seja da melhor forma possível, não me arrependo de nada. Fiz tudo o que veio a cabeça até hoje e deu certo.

Quando eu digo: eu te amo, é por que amo, só isso! Para mim e para muitas pessoas isso basta. Te amo por que te amo. Não existe o porquê que eu amo. Tenho que explicar agora o porquê eu amo? Não, o amor não tem explicação. Não da pra explicar algo que vc sente com tanta intensidade. Ou vc ama ou odeia óbvio.

Se eu falo que amo, não venha perguntar o tamanho, amor não da para ser medido em centímetros cúbicos. Ele é só sentindo. Se eu falo que amo, não me peça pra provar que eu vou deixar de amar. O amor tem disso também. A gente ama, mas também deixa de amar. Não me peça explicação, descrição, ou distinção do meu amor, por que corre o risco de perdê-lo.

Quando eu amo, eu amo de verdade. Aprendi uma vez que não se deve dizer eu te amo se não fosse de coração. Que não se deve romper um coração se não fosse unir-se a uma alma. Coisas de frases feitas que fazem o maior sentido.

O amor é romantismo, paciência, compreensão, amizade, afeto, preocupação, lealdade, fidelidade, carinho, atenção, surpresa, cumplicidade, saudade, o amor é amor, lógico. Eu achei que isso tudo estava aqui, mas passou um tempo e dei falta, ai fui ver havia sumido certas coisas.

Não sou do tipo de pessoas que falo que o amor acabou. Já tive vezes que desacreditei nele. E acredite isso foi há pouco. Mas, depois você vê que ele existe e que vale a pena lutar por ele, e que se ele não esta ao seu lado é por alguma razão. Não sei bem ao certo qual razão, e não estou em neura pra descobrir também.

Eu já fiquei horas imaginado como seria de outras formas. Já imaginei outras cenas de filme. Já me imaginei num super conto de fadas, mas a vida é bem mais que isso. Eu aprendi isso nesse tempo de aprendizado que eu tive. Temos que enfrentar as coisas sem medo. E assim vamos levando.

Eu sou uma pessoa que acredito nos poetas, que espera rosas da forma mais inusitada, que sabe que declaração de amor não precisa de muita coisa, que dizer eu te amo não é pra qualquer um, que quer casar na igreja daquele jeito todo certinho por mais que algumas pessoas achem isso fora de moda, que quer construir uma família baseada no amor e na confiança, que acredita que ainda pessoas capazes de lutar pelo amor e se arriscar por ele.

Sou pisciana e fã de Mario Quintana e se ele disse que temos que cuidar de nosso jardim que assim seja. E se ele ainda disse que um coração partido dura o tempo que queremos que esse tempo dure pouco. Acredito na magia do amor, acredito que é possível amar e quero amar. Um dia disse que não queria me apaixonar de novo, por que isso é complicado demais, por que a gente entrega nossa vida à outra pessoa e tem vezes que ela não da valor. Mas pensando por outro lado, é tão bom, quando você tem alguém para chamar de seu amor não é?

E por mais que aquele amor, não seja seu para sempre, o seu “sempre” durou o tempo que deveria. Aprendi a dizer que não se deve dizer que acabou, mas sim que foi bom enquanto durou. E ainda, que se for para os destinos se cruzarem, não importa aqui ou na China isso acontece.

Mas por enquanto, vou ali e já venho!!! ;D

16 de agosto de 2010

Isso não é um balanço!!! :D




Não consigo explicar como me sinto. Pode ser super estranho, eu que sempre acho que tenho uma carta na manga, que tenho resposta pra tudo, não sei explicar como me sinto agora. Mas, vou tentar explicar.

É o seguinte, fez três meses que mudei. Deve ser isso que estou sentindo, mudada. Faz três meses que minha vida levou aquele que eu chamei por muitas vezes de “golpe”. Ai eu fui fazer uma análise, e isso muitas vezes é tão chato.

Mas, isso é chato quando você analisa e vê somente perdas e eu ao contrário eu vi os pontos positivos também, e isso é tão gratificante. Não vou dizer que é legal passar por experiências ruins para aprender coisas novas por que definitivamente não é.

Pois bem, em maio eu era uma pessoa que hoje já não sou, e não digo isso fisicamente notável, mas existe um sentimento envolvido também. Pode ser que existia uma mulher menina demais, ou menina mulher demais. As ordens podem ter se invertido.

Não sei bem por onde começar a relatar as mudanças, mas elas vieram. Eu sei que não foi fácil, essa é a única coisa que eu tenho certeza. E o resto, bom... O resto foi tudo conseqüência.

Sei que tenho uma faculdade lá, ela não mudou muito pelo o que eu vi. Passei por la esses dias, o pessoal estava entrando pro começo da aula tudo certinho. Sinto saudades, normal dizer que sinto saudades. Confesso que tenho certo receio de voltar. Não sei por que, parece que fugiu um pouco da minha realidade.

Por mais que as pessoas sejam as mesmas, por mais que elas me digam que sentem saudades também e isso me da uma vontade louca de voltar. Mas, existe um medo, ou sei lá o nome do sentimento dentro de mim, que também não sei explicar que acredito que não quer voltar. Dúvidas demais para uma pessoa apenas não é? Pois bem... É verdade.

Eu amo jornalismo, talvez essa escolha tenha sido uma das mais sensatas que eu tive até hoje. No entanto, voltar para a faculdade agora se tornou um desafio e um desafio que eu não sei se estou pronta para encarar. Vou pensar se encaro ou não, tenho alguns dias ainda. Acredite, não é fraqueza, confesso que é uma espécie de medo. Mas também não sei explicar.

Estava conversando com minha amiga Roberta Cáceres, que estuda na mesma sala que eu, e que se tornou uma das pessoas fundamentais em minha, e ela me deu bronca por conta disso. Sei que posso ser chamada de covarde, por querer desistir agora, mas não sei explicar. Me deu vontade de trancar a faculdade e começar depois, com mais calma, em outro tempo, mas Roberta disse, “você faz parte da gente, não dos outros”. Talvez. Ás vezes isso é medo mesmo de encarar as pessoas me olhando com cara de “ué ela esta viva”, ou coisas desse tipo.

Eu continuo a mesma Aryana de sempre. Mentira. Essa é uma afirmação que não da pra eu fazer. Eu mudei muito, acho que até demais. Não sou mais aquela pessoa meses atrás, mudei atitudes e opiniões. Surpreendo-me com coisas que falo, faço, mas amadureci. Foi ridículo, foi doloroso, mas foi assim. Foi um processo de amadurecimento, e foi o meu processo. Talvez as borboletas também passem por isso. E é preciso paciência, e essa é outra história.

Existem sentimentos nobres que comecei a possuir. A paciência é um deles, não conseguia parar e ficar esperando. Não tinha essa paciência. [risos] Mas, isso a gente aprende quando sua vida esta em jogo e, você precisa esperar um remédio fazer efeito por que nada mais pode ser feito, somente ter paciência e esperar o tempo passar. Parecia até aquelas pegadinhas de reality shows, mas não era, era vida real, e o pior, a mina vida.

Outro sentimento que acredito que é o mais importante e mais digno de tudo isso e o que me ajudou a vencer, foi que eu aprendi q ter fé. Aprendi a acreditar mais nas coisas, aprendi a entregar minha vida à Deus, e o mais importante aprendi a confiar que as coisas por mais que demorassem iriam dar certo.

Na teoria parece fácil e na prática realmente garanto que não é, por que não foi. Mas passou. E parece mesmo que foi rápido, por mais que tenha doído que tenha levado um pouco de mim, trouxe algo pra preencher esse vazio.

Perdi coisas no meio do caminho pelas quais não vou conseguir recuperar. Tenho plena consciência disso. E às vezes ainda dói em mim. Por que queria ter participado daquele programa temático, da formatura da minha prima, das conversas pelo twitter, daquele almoço aqui em casa, queria ter visto a Duda ensinar a Tia Fátima colocar DVD no carro, queria ter visto o final da novela, queria ter visto tantas coisas... Mas, foram tantas coisas... Que não da para listar! Queria apenas ter vivido minha vida normal, só isso e para mim não era pedir muito, era pedir o necessário.

Mas não deu. Perdi momentos que vi na fotografia. Que escutei por músicas, que foram relatados por palavras, que não tiveram a mesma emoção, mas que eu fiquei sabendo. E o “fiquei sabendo” foi tão chato, por que eu sempre fui tão curiosa e sempre quis estar lá junto com todo mundo e não estava. Tudo bem, me conformei e passou.

Eu estava cuidando da minha saúde. Eu precisava pensar assim para me confortar, para colocar na minha cabeça que logo sairia daquele lugar e logo estaria de volta as minhas atividades. Claro que estaria. Seria fácil, eu ia sair daquele hospital, ia voltar para minha rotina normal e ia ser feliz. Bobinha.

Minha vida mudou mesmo. Ganhei amizades pelas quais jamais pensei encontrar. Não sei como fui achar pessoas tão maravilhosas assim em minha vida. “Os poucos amigos que tenho, são os que muitos gostariam de ter”. Fato. Os poucos verdadeiros que tinha, cresceram. Encontrei mais gente para fortalecer o time. Foi tão bonito, essencial o apoio que meus amigos me deram. Agradeço a Deus pela vida de cada um deles, pelos velhos e novos que um dia se tornarão velhos também, mas o mais importante que permaneçam em minha vida.

Encontrei pessoas pelas quais aprendi a parar de julgar pela aparência e abrir o coração. Encontrei pessoas que abriram o coração sem me conhecer. Encontrei pessoas de todo jeito que me fizeram acreditar que vale a pena amar o próximo.

Consegui desfazer brigas da família. Consegui superar brigas da família. Isso pra mim foi fundamental também. Dizem que há males que vem para bem não é? Aprendi a perdoar, mesmo acreditando que perdoar é só Deus que faz, aqui só devemos desculpar, coisas de minha cabeça. Aprendi a fazer isso e não apenas da boca pra foca e sim com o coração aberto. E eu pude ver que é tão bom. É bom você estar de bem com aqueles que você ama de verdade. Por que são esses que independe de qualquer coisa sempre estarão com você.

Aprendi que amor é algo pra ser conservado como um cristal e que se descuidamos dele ele pode trincar. E um cristal trincado nunca mais será o mesmo. E que o amor por mais que seja clichê dizer que é como uma flor e precisa ser regado todos os dias, é a mais pura verdade. Aprendi que devemos deixar nosso coração aberto, não podemos querer obrigar ele a fazer o que a razão insiste em dizer, eles nunca irão se entender. Seria ironia do destino querer colocar os dois juntos. Patético dizer que no fundo os dois sabem o que querem, mas nenhum tem coragem suficiente de deixar o orgulho de lado. Coisas que o amor não permite quem ama fica besta, e não sensato.

Sabe são tantas coisas para listar, não sei se a palavra exata é listar, acredito que a palavra exata desde poste é confusão, dúvida. As coisas ainda estão muito recente. Hoje por exemplo, faz dezesseis dias que eu operei, estou bem, sinto algumas dores, no entanto estou bem. Achei que saindo do hospital eu ia correndo fazer um monte de coisas, mas não foi bem assim.

Quando eu ia pra sair do hospital no dia 15 de junho, eu falei para minha mãe que havia um mundo aqui fora me esperando e que tinha medo. Tudo bem, confesso sou a pessoa mais medrosa do mundo. Sabia que as pessoas poderiam comentar sobre meu cabelo, por exemplo. Ela disse pra eu não ligar, e isso por mais que não seja fácil vou me acostumando. Semana passada, estava em uma clínica fui fazer ultrassonografica por conta da cirurgia e eu estava na recepção esperando e de repente quando olhei havia duas moças falando de mim, ou melhor, da minha falta de cabelo, quando viram que eu estava olhando ficaram totalmente sem graça. Eu sai de perto sentei em uma cadeira afastada e fiquei quieta. Minha mãe veio e falou para eu não ligar. Tentei, mas nem sempre da né.

Sãos coisas pequenas sabe, são essas coisinhas que vão fazendo a diferença e eu vou vendo que aquele dia seis de maio mudou mesmo minha vida. Resgatei o que eu havia publicado no twitter. Acordei com a sensação que hoje vai acontecer algo de estranho, não sei se é pra bom ou ruim! #tensa! :D Mesmo assim to feliz! #otimista! Aconteceram muitas coisas de lá pra cá, mas se nesse dia eu fui otimista, se nesse tempo todo eu lutei, por que desistir agora né? Escutei que Deus só prova quem ele quer aprovar... E eu confio Nele!

Mas nesses três últimos meses vou confessar um negócios pra vocês..

Confesso que morri e voltei, simples assim

Confesso que mudei...

Confesso que amadureci demais...

Confesso que perdi muitas coisas...

Confesso que ganhei muitas outras...

Confesso que sofri...

Confesso que quase desisti por diversas vezes...

Confesso que minhas forças foram testadas até no limite...

Confesso que conheci Deus até seu íntimo...

Confesso que Deus segurou na minha mão o tempo todo e foi incrível...

Confesso que foi dolorido algumas vezes...

Confesso que outras vezes até foi divertido...

Confesso que chorei poucos vezes...

Confesso que sorri diversas...

Confesso que abracei e fui abraçada das melhores formas...

Confesso que senti falta de abraços...

Confesso que descobri sentimentos pelos quais não sabiam que existiam..

Confesso que lutei...

Confesso que não foi fácil...

Confesso que tive forças por que tive pessoas que me passavam essas forças...

Confesso que não foi legal me ver no espelho....

Confesso que ainda ás vezes me ver é estranho...

Confesso que aprendi a ter paciência...

Confesso que ainda estou aprendo muito com isso tudo...

Confesso que se for verdade q "nada é pesado pra quem tem asas" minhas asas são fortes!

Confesso que sinto saudades de antes...

Confesso que mesmo com saudades, eu preciso e aceito o agora...

Confesso que ás vezes quero saber o que vem por ai...

Confesso que lembro que cada dia é pra ser vivido como o último...

Confesso que sinto saudades dele...

Confesso que agora preciso cuidar de mim...

Confesso que mudaria de idéia, se ele mudasse uma coisa...

Confesso que não posso ficar pensando nisso...

Confesso que isso é repetindo...

Confesso que existem tantas coisas...

Confesso que se cheguei até aqui agora vou até o final!!!

8 de agosto de 2010

Dia dos pais!

Descobri que tenho um pai que não sabia que tinha, pode parecer estranho, mas é assim que eu sinto! Descobri que ele existe por mas que achasse que era como uma chuva... Que aparecia ás vezes, mas depois ia embora, e assim diversas vezes...

Existem sentimentos que estão em nossos corações e sabemos disso, no entanto não demonstramos, não sei por que, talvez algum receio sabe? Só que isso uma hora ou outra vem à tona, acredito que Deus sempre faz com que isso aconteça.

Já ouvi dizer muito que ou a gente aprende com o amor ou com a dor... Não sei se isso seria justo ou não. Mas, vamos convir que isso foi a realidade. Sempre estive ali, ou aqui. Sempre quis que ele também estivesse, mas na maioria das vezes não estava e isso não era legal, pode ter certeza.

Lembro que muitas vezes eu fazia aquelas lembrancinhas da escola e nunca tinha pra quem entregar e aquilo me chateada. Mas sempre passava. Apresentações de dia dos pais então nem se fala, pra mim aquilo era chato demais, eu não tinha um pai ali na platéia.

Mas isso são coisas que o tempo passa e vai consertando. Pode ser que um dia sentamos e digamos um para o outro tudo aquilo que um dia nos incomodou. Não agora. Se esta conversa for preciso, será bem mais pra frente.

Existem aqueles que dizem que o tempo cura tudo, não acredito muito nessa teoria, mas que ele ajuda, é verdade. Hoje eu sei quem é meu pai de verdade, e sinto orgulho dele.

Uma vez o ele me mandou um ditado que eu sempre usei sobre os amigos, e hoje eu falo assim “Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar”. E hoje eu sei bem o significado dessa frase. E descobri que abrir as portas para receber amor, é importante também.

Passei diversos dias dos pais, com a fantasia de ter um pai ao meu lado, e muitas dessas vezes eu tinha um presente para entregá-lo. E quando eu menos espero o portão de minha casa abre e ele esta ali. Num dia quando eu já estava com vinte anos e não acreditava mais em super heróis, e coisas parecidas. Mas ele estava ali.

Eu não tinha presente, eu não era mais aquela menininha. Mas, eu tinha aquele abraço que esperei tanto tempo. Foi rápido, mas foi suficiente.

Não conheço muito daquele homem, afinal foram pouco tempo de convivência. Mas sei que ele prefere fanta ao invés de coca-cola, que ele não gosta muito de doce, que come enroladinho de presunto e mussarela, docinhos de polvilhos, gosta de lasanha, torce mal pro Corinthians, já foi fã da Gretchen, gastava do Leandro e Leonardo, acha legal a Ivete, é noveleiro por mais que negue, assiste programas de auditório sábado a tarde, e acha rock coisa pra doido. São coisas que fui aprendendo aos poucos, talvez ele nem percebeu mas me contou tudo isso.

Confesso que nem eu sabia que sabia tanto. Existem outras coisas que fui guardando pra mim, é bom saber de onde eu vim. E fico feliz por saber disso, ter conhecimento mais da pessoa que me deu a vida.

Mas o principal que eu aprendi que ele é capaz de amar. Por que já duvidei disso. Acreditava que ele era desligado do mundo e consequentemente eu era uma das pessoas que sentia isso.

Mas sabe quando mesmo você não sabendo, mesmo você não estando consciente dos fatos, ele larga tudo, tudo mesmo, e sai correndo ao seu encontro só pra ter certeza que você vai estar bem? Só pra ter uma noticia sua? Há aqueles que dizem que antes tarde do que nunca, eu digo que sempre temos tempo pra recomeçar.

E foi aquele homem que muitas das vezes largou tudo só pra saber se eu estava bem. Não foi possível todas às vezes ele estar ao meu lado, mas estava comigo mesmo assim. Estava comigo pra vibrar nas horas que eu acreditava estar vencendo e estava comigo também nas horas que eu nem sabia o que fazer e ele ficava andando de um lado pro outro e algumas vezes coçando a cabeça.

E se um dia eu questionei a ele o por que de coisas estarem acontecendo em minha vida e ele não soube a resposta. Me desculpo, por que acredito que naquela hora não sabia o quão pesado estava sendo com meus pais. E hoje sei que ele, mesmo com todos aqueles defeitos é o que sempre estará ao meu lado.

Obrigada pelo simples fato de existir! Amo-te!

Feliz dia dos pais!!! :D

24 de julho de 2010

E no final tudo se ajeita :D

Hoje estava conversando com meus pais sobre filhos. Conversa normal, se não fosse por um detalhe, eu sou louca para ser mãe e não poderei ser do modo convencional. Acredito que isso não mexe somente com meus sentimentos, mas com os dois que me geraram também.

Um pouco antes dessa conversa eu perguntei pra minha mãe quando foi que ela sofreu mais no hospital, e ela me disse que foi no dia que me viu ruim e não pôde fazer nada. É quase essa a situação.

Eles me fizeram, cuidaram da forma que acharam que parecia a melhor. Se houve falhas, foi na tentativa de acertar. Não culpo ninguém por nada que aconteceu comigo. E eles por um momento estavam ali conversando sobre algo que eles conversam há vinte anos.

Imaginei minha mãe grávida, meu pai preocupado com ela. Ele disse sobre a rubéola que ela teve. Sobre a luta que eles tiveram comigo mesmo eu sendo um grão de areia. Imaginei a angustia que eles sentiram, mas também a felicidade de saber que eu vinha ao mundo com saúde, que eu tinha sim braços e que a luta que tiveram não foi em vão.

Por alguns instantes se passaram várias cenas em minha mente. Era passado, presente e futuro tudo se juntando. E aquilo tudo foi se mesclando, e quando eu vi estava em silêncio e meus pais cada um olhando para o outro. Aquele olhar dizia muito.

Quando eu tinha dezesseis anos descobri que meu útero é grande, desde lá venho lutando para não retirá-lo. Já fiz diversos tratamentos, várias opções de tratamento, já fiquei internada por conta de hemorragia, e outras diversas complicações.

E essa minha luta já foi longe demais. E o pior que essa luta não é só minha, é da família, dos amigos, dos médicos. Já chega! O que eu pude fazer eu fiz, o que dava pra ser feito foi feito, mas agora não tem mais saída.

Eu tenho lúpus, e esse é um dos motivos que meu útero tem esse “pequeno” problema. Como lúpus não tem cura, como já luto há 4 pela salvação do meu órgão, e não obtive bons resultados, esta chegando a hora de arrancar ele de mim.

E essa decisão não é fácil, aliás, é bem mais difícil que parece, acredite!

Tudo bem, para algumas pessoas ele é apenas mais um órgão do corpo humano, e para algumas mulheres o órgão que mais enche o saco por que “descama” a menstruação. Mas, tudo existe os dois lados da moeda.

Sim, eu me irrito com ele. Sinto dores terríveis, parece que estão arrancando algo de dentro de mim, e de fato esta saindo algo muito estranho. Sinto um incômodo terrível, já fiquei naqueles dias seis meses. Sim, mulheres seis meses, mas passou. Já fiquei internada várias vezes por conta da menstruação e enquanto estava no hospital, me revoltava, por que tanta coisa pra fazer eu lá internada por conta de menstruação. E o que mais me indignava era que esse período era “publico’ entre minha família, por que todos ficavam tensos, por que caso a coisa ficasse forte eu teria que correr para o hospital.

E por sinal, isso aconteceu há alguns dias. Fiquei sete dias internada por conta de uma pontada de pneumonia e hemorragia forte. Ou seja, não tenha mais privacidade em relação a isso. Fiquei esses sete dias e tive que receber duas bolsas de sangue, acredito que esse caso foi o mais grave, e o que bastou para dar o ponto final.

Vou contar um negócio pra vocês. No ano de 2008 eu iria tirar meu útero. Mas, o meu plano de saúde não autorizou a retirado do órgão, disse que era nova, por não ter filhos, enfim, desculpas não faltaram. Ai eu continuei com o tratamento hormonal e o teimoso diminuiu um pouco. Lembro que a cirurgia eles iriam autorizar em março de 2010, sim, esse ano, e naquele momento parecia tão longe. Eu me preparei toda para fazer essa cirurgia. Lembro que fui ao supermercado e bati em vários absorventes e disse que nunca mais iria usá-los, santa loucura a minha! [risos]

Eu tenho um médico que eu confio até de olhos fechados. Toda vez que eu sentia alguma dor eu ligava pra ele, podia ser apenas dor de cabeça, eu ligava pra ele. E ele sempre me atendia de forma delicada, me chamando de trem, mas tudo bem. Eu confio demais no meu ginecologista, afinal, ele me colocou no mundo. Acredito que essa confiança surgiu desde o dia em que minha mãe o procurou grávida, e ele disse que, se ela quisesse mesmo ter aquela criança, ele faria o parto. Afinal, ela recebeu vários nãos, até endereços de clinicas de abortos.

Então como eu confio no meu médico, eu sempre deixei a critério dele, se for para eu fazer a cirurgia, que faça. Se for pra eu tomar remédio, eu tomo. E assim foi por esse tempo. Estava fazendo uso de anticoncepcionais e estava até dando certo, mas houve diversos contratempos em minha vida. E um desses me impediu de continuar com o remédio, e parar o tratamento. E justamente nessa mesma época, o medico que eu confio até de olho fechado teve um infarto.

E eu estava sozinha. Sim, digo sozinha por que não tinha mais aquele senhor simpático que entende minhas manhas e fala que vai me colocar no colo pra me bater e puxar minhas orelhas. Mas, como Deus é bom, o deixou mais tempo aqui com a gente, no entanto, impedido de exercer a profissão.

Eu estava no hospital com uma forte hemorragia e não tinha um médico. Precisei correr atrás de um. E qual eu encontrei me deu uma solução, era colocar DIU – Dispositivo Interno Uterino, mas também não deu certo. Por mais que aquele senhor que me visitou no hospital me passasse confiança, eu precisava do outro senhor, aquele que me trouxe ao mundo, por que ele sim me conhecia.

E ai chegou uma hora que nenhum médico sabia o que fazer comigo. Eu não posso nem sonhar em enfiar hormônio no corpo. Não posso sangrar mais. E agora? O negócio era fazer a cirurgia e retirar o útero. Mas, sempre esses “mas” da vida. Eu tomo anticoagulante e não posso ficar sem. Ou seja, eu sangro muito e o risco de fazer uma cirurgia naquele momento seria grande.

Eu via minha vida sendo discutida entre eles, e não podia fazer muita coisa, a não ser esperar. No entanto, não era só o risco da cirurgia que intrigavam os médicos e sim o “mínimo” detalhe, o útero serve para ter filhos, e eu não tenho nenhum ainda. Ai entrou uma questão que complicou ainda mais. Eles tinham medo, queriam que eu entrasse na justiça com um pedido para que eles me operassem. Por que mais tarde eu poderia processá-los por ter tirado meu útero, isso e aquilo. Sério, eu nada legal, perdendo tanto sangue a ponto de precisar repor, e eles falando dessa forma. Nessa hora eu sentia mais falta do senhor que me trouxe ao mundo.

Eles decidiram que eu preciso retirar meu útero por que a qualquer momento posso ter uma hemorragia mais forte que aquela e acontecer o pior. Eu só precisar ir lá pedir pro juiz entender isso. Justo o juiz que estudou para ser “frio” em seus processos, e eu precisava de alguém que tivesse sensibilidade e visse que eu não posso mais esperar.

Mas, Deus agiu de novo. Aquele senhor que eu tanto confio disse que não pode me deixar que não é agora no final que vou ficar sozinha. E que vai fazer minha cirurgia. Ele é outro anjo em minha vida. Como ele esta se recuperando um amigo dele vai fazer junto, mas esta tudo certo. Não preciso ir lá pedir pro juiz, ele sabe que entre minha vida e ficar aguardando pra tentar ter um filho, eu opto por minha vida.

Um dia ele disse que eu até poderia ser mãe, mas que teria que ter um preparo todo.Que minha gravidez seria de alto risco. Minha mãe já sugeriu que eu engravidasse antes de tirar. Já ouve várias discussões sobre isso.

Deve ser por que não é fácil. Sabe aquele olhar que meus pais deram, que citei no começo do texto? Foi por que eu nunca vou sentir o que eles sentiram. Logo eu que sou louca por crianças e fico fazendo palhaçada e cara de boba quando vejo uma. Essa é a preocupação deles.

Eu sou uma pessoa que sonhava em ficar grávida de gêmeos, uma menina e um menino, por que eu queria ficar grávida somente uma vez. E eu queria aproveitar como ninguém essa gravidez. Acho que seria daquelas grávidas que carregavam o exame que comprovassem na bolsa e se possível pregava na testa.

Não sei, por mais que eu acho que mulher grávida parece uma patinha, acredito que são as patinhas mais felizes do mundo. Não posso nem imaginar como é sentir uma pessoa dentro de você, um ser nascendo, crescendo e se desenvolvendo. Não tenho noção de como é a sensação de chutes que uma mulher sente, não sei como são os enjôos, os desejos, as manhas, e não sei mais o que se sente nessa fase.

Não sei imaginar como é sair pra escolher a roupinha do bebê e ele dentro de você parecendo que esta escolhendo com você. Não sei como é a sensação, se é frio na barriga do primeiro ultrassom, ou da curiosidade de saber qual o sexo da criança, não sei como é ser a protagonista das brincadeiras de um chá de bebê. E muito mais, não sei imaginar como é dar uma noticia de que se estar grávida. E acho que isso esta cada vez mais impossível de eu saber.

Confesso que por mais que quero ser uma profissional bem-sucedida, eu quero ser uma mãe maravilhosa também. Por isso eu digo que queria sentir tudo isso, e muito mais. Queria aproveitar fase assim de minha vida para comer coisas estranhas e ninguém achar ruim, ou ser apenas mimada.

E esse meu desejo que é medo de meus pais. Talvez essa dor se pareça com aquela que minha mãe sentiu, a incapacidade e me ver sofrendo e não poder fazer nada. Talvez eles estejam certos em ter esse medo. Talvez minha mente esteja já bem trabalhada. Talvez meu emocional já aceitou. Talvez meu racional esta trabalhando em cima disso. Talvez eu já aceitei. Talvez eu tenha dúvidas. Talvez eu tenha medo. Talvez, talvez, talvez... A vida falará por si só.

O que eu tenho certeza é que se os médicos disseram que essa cirurgia pode ser de alto risco, eu confio em Deus. Eu confio na equipe que estará no local, eu sei da competência deles, e sei que tudo que estará no alcance deles eles irão fazer.

Eu sei que quando eu tinha onze anos eu achava um absurdo algumas famílias terem vários filhos, sendo que existem vários crianças em orfanatos. Quer mais uma talvez? Talvez meu inconsciente já sabia que é lá que vou buscar um anjinho para alegrar minha vida quando eu achar que tudo estará parado demais. Tudo tem seu tempo certo. E pode ter certeza que quem me conhece sabe como eu quero meu amor maior :D