13 de dezembro de 2014

Sobre o medo...

Um dia recebi o diagnóstico que estava com um coágulo no coração, algo relacionado a válvula que estava escrito no diagnóstico, ou seja, meu coração estava maior do que deveria estar. Tinha uma senhora que trabalhava no hospital que costumava dizer o seguinte: seu coração cresceu por excesso de amor!   Não existe mentira nesta afirmação, tendo em vista que - sempre amei demais! E não digo relação homem/mulher e sim, o amor e, suas infinitas definições!  Amo a magia de amar, por mais ingrata que ela seja, na maioria das vezes.
Mas esse texto é voltado ao amor mais louco e irracional que possa existir, esse mesmo que costumamos perder toda e qualquer noção existente em nosso cérebro. Engraçado, porque escrevo enquanto escuto enlouquecidamente a música “When I Was Your Man”, do Bruno Mars, não me perguntem o porquê, mas a cena é essa.

Hoje quero falar de anatomia!  Sempre pensei que estudar anatomia era a coisa mais fácil de se fazer, até confundir as válvulas do coração na hora do "troca". Para quem não sabe, experimenta ficar em uma prova e testar seus conhecimentos, viajar na maionese, pensar na manhã anterior, na prova que tem daqui a pouco, na nota ferrada que recebeu, em tudo que precisa estudar, que precisa trabalhar, que vai se ferrar nessa prova também, prestar atenção no coleguinha, procurar a estrutura apontada, achar a mesma, buscar no cérebro a informação, pensar em que vai escrever e aí sim, escrever na folha, tudo isso em um minuto!  Precisa de muito talento, por mais que eu tenha e, eu tenho (desculpa a humildade) não é fácil!
Citei a prova de anatomia porque é uma comparação fácil para ter base da minha vida amorosa. Vi meu coração pelo ecocardiograma, e ele estava lindo! Tudo em seu devido lugar! Uma semana depois ele estava fora de ordem, batendo descontroladamente, gigante e querendo sair de pela boca, quase que literalmente.
Essa sou eu! Uma monta-russa de emoções.  Quem não conhece, não vai entender metade do texto, quem conhece já sacou metade dele! E por ai vai...
Lutei muito para expor esse tema aqui no blog, mas não tem momento certo para “chutar” o balde, né?! Comecei a namorar muito nova, algumas vezes achei que foi um erro, outras tive a certeza que foi uma das escolhas mais sensatas que tive na vida. Até hoje não tive certeza ainda. Só sei que aprendi muito. Errei também.
Quando acabou o namoro a única coisa que tinha certeza era que queria e precisava viver a vida. Foi aí que tudo começou. E se você achava que o texto tinha começado, era ilusão. Ele começa agora!
Descobri um mundo de oportunidades aqui do lado de fora. Descobri que podia sair e me divertir sem precisar me preocupar em dar satisfação para ninguém mais, além da minha mãe, que podia sair e conversar com qualquer pessoa sem medo de ser repreendida, afinal eu sou uma comunicóloga e, é para isso que vim ao mundo, para me comunicar com todos. Aprendi que se eu quero ir para o norte eu posso ir para o norte sim, independente de vontade alheia, e isso é fascinante.
Aprendi a sair sozinha pela madrugada, aprendi estacionar sozinha e não ter medo do escuro, aprendi fazer amizade com os flanelinhas por mais que um deles já tenha me sacaneado, aprendi a fazer amizade com os garçons e eles são ótimas companhias, aprendi tantas coisas nessas noitadas que não dão para listar, mas o mais importante é que eu aprendi a me virar sozinha. Aprendi que quando eu não tenho bolso, eu me viro no gancho da chave mesmo, e por ai vai.
Depois de um tempo a gente vê que é só questão de adaptação, todo ser humano se adapta a tudo. Mas, eu também aprendi que a gente se ilude em uma noite, a gente ilude em uma noite. A gente se “apaixona” em um olhar, a gente deixa alguém “apaixonado” com um olhar. É engraçado...
Dia desses eu estava conversando com minha mãe e minha madrinha sobre relacionamentos e etc. Elas sempre me cobram o por que eu não namorar novamente, estou solteira há quatro anos. Eu disse porque eu não quero. Não tem resposta mais simples.
Neste tempo eu já tentei me apaixonar, já quase consegui uma vez. Diria que cheguei bem perto. Fiquei bem balançada, mas o medo não deixou eu continuar. Teve outra vez que quase tive um relacionamento. Aliás, desses quatro anos só teve uma vez que quase me apaixonei e outra que quase assumi um relacionamento. Das outras vezes eu só tinha aquele gostinho de dizer que “gostava de fulano”. Aquelas paixonites rápidas.
O problema do ser humano é que a gente se apaga no gostar. A gente não gosta da pessoa em si, e sim no gostar de gostar, entendeu? A maldita carência, o medo de ficar sozinho e etc. De todas as vezes eu dizia para as minhas amigas que estava gostando de fulano, mas logo passava. Deve ser bloqueio, medo, insegurança, sei lá, chamem do que quiserem. O problema realmente é comigo. Confesso que já fui cretina – não sei se essa é a palavra certa, mas já iludi alguns meninos, mas não tive culpa. Aliás, a gente não tem culpa por não se apaixonar pela outra pessoa, seria fácil mandar no coração: se apaixona agora, coração! Vai, meu filho, ama fulano e seremos felizes! MERA ILUSÃO!
O lance é o seguinte: conversando com elas (madrinha e mamis) falei a verdade. E a verdade é dolorida. Não sei se tenho tempo, coragem, paciência e jeito para ter alguém ao meu lado. Disse à elas que não quero ninguém. (Mesmo negando as evidências e disfarçando as aparências que no fundo todos nós queremos alguém).

Mas, meu coração já foi tão machucado anatomicamente quanto fisicamente que ele tem medo, meu cérebro é esperto também. Eles andam se comunicando e, muitas vezes, não se entendem, mas tentam! E sempre chegam a conclusão que é melhor continuar assim, sem ninguém pra colocar nessa enrascada, afinal a história toda é tão longa, precisaria de tanto tempo para contar e colocar tudo em ordem... 

27 de outubro de 2014

Parece piada...



De junho até agora não quis me manifestar sobre a vida. Talvez porque eu não estava preparada para colocar na balança sobre tudo o que vem acontecendo, ou o que pode acontecer. Digo em junho, porque foi no mês que recebi uma notícia muito pesada sobre tudo.
Parece piada quando recebemos um diagnóstico ruim do nosso médico. Parece piada você não conseguir conciliar a vida com isso. É uma piada de mau gosto, sem rima ou sem nenhum nexo. É como você querer encaixar um personagem no papel que não é dele.
Aquele personagem que estava diante dele não era eu. Sou cheia de sonhos (mesmo alguns sendo praticamente impossíveis), sou cheia de vida - por mais que muitas vezes a própria vida tenta me sabotar. Não era eu! Simples assim, e não é negação de paciente teimoso, é um fato comprovado.
Não é que eu não queira aceitar, mas a dor é de um tamanho que matemática nenhuma explicaria. É como você querer voar e alguém prender suas asas. Aliás, acredito que essa é a melhor definição de tudo: o podar de suas asas.
Eu quero viver! Esse é meu melhor lema. Dia desses eu senti vontade de sair gritando, fui lá e fiz. Ontem era 10 da noite e deu vontade de fazer bolo, mesmo eu não sendo boa nisso, me arrisquei. Não é que eu queira viver 60 anos em 5, não é isso, mas tenho uma necessidade incrível de viver tudo.
O que me parece é que o tempo está correndo muito, e eu preciso acompanhar. Não por capricho ou mimos. É por uma única necessidade: a de viver!
Um dia eu ouvi que quando você recebe o diagnóstico de doença autoimune é uma auto sabotagem, e não é isso. Já parou para pensar em quantas pessoas lutam e conseguem viver? Penso que não ficam presas a diagnóstico, deve ser esse o segredo.
Quando tinha 18 anos achei que tivesse lúpus, mas não foi confirmado. Juro! Achei que ia morrer, achei que perderia toda minha juventude em um hospital sem poder ver a luz do sol. Quanta ingenuidade! O ser humano tem uma capacidade incrível de se adaptar a tudo nesse mundo, até mesmo com a dor, acredite!
Ando querendo um pouco de tudo, quem sabe assim eu junto tudo e virá algo legal. Sou presa a datas, e tô querendo quebrar essa "regra". Estou tratando seriamente na terapia. Dia 31 de maio, por exemplo, eu tinha um medo, um pavor terrível dessa data, mas o medo, a angústia, o sofrimento, foi apenas em 2010. Passou! Esse ano me diverti horrores neste dia, conheci pessoas e o mais importante - fui feliz.
Parece clichê, e eu até gosto de alguns, confesso! Mas preciso me permitir! Não sei ao certo se minha ficha caiu, porque justo eu que sempre tive a "cabeça boa", agora tenho que controlar a mesma. Estranho, não? E odeio a sensação que as pessoas não iriam entender, ou sentir dó. Aliás, odeio que sintam dó de mim, porque não vejo necessidade alguma nisso!
Tenho medo, muito medo, por sinal. Sou a pessoa mais medrosa desse mundo. Mas, o meu maior medo tornou-se esquecer de tudo e todos. Sei que isso vai acontecer, e tudo o que eu já planejei pode ir para água baixo. Mas, não tem problema, enquanto eu ainda tiver consciência de tudo, vou levando.
Talvez eu não tenha entendido tamanha gravidade. Ou talvez eu tenha e não queira mesmo pensar nisso. Talvez eu possa escrever mais textos. Talvez eu deixe o blog de lado. Talvez eu cometa loucuras insanas. Talvez eu me comporte como uma mocinha obediente. Talvez eu me cale. O que eu tenho certeza é que neste momento estou com uma sede lascada de viver tudo o que puder.
Até porque se caso eu não tenha lembranças, terei fotos para contar histórias! Por isso hoje eu excluí históricos de diversas mídias sociais, a partir de agora não quero nada que me atrase - acredite, isso não é uma citação de CFA ou Clarice Lispector - é um novo rumo que resolvi seguir.

A partir de agora só fica o que, quem, for para me fazer feliz, do resto não vou lembrar mesmo! ;)

13 de janeiro de 2014

Parece que o ano vai começar

Uma vez ouvi dizer que a gente precisa de um tempo para se estabilizar depois de um abalo emocional, mas o que não sabemos é que nunca entendemos o significado desta frase até passarmos por ele. Depois de 2010 tinha medo de precisar lembrar de todo o sofrimento e transtorno de hospital, e mais ainda, medo da palavra UTI. Mas, o destino é sacana quanto mais fugimos, mais ele empurra as armadilhas para nosso caminho.
Sempre me classifiquei como antes e pós o lúpus, até por que a doença não é segredo para ninguém, no entanto eu sempre tive medo dela – por mais que eu nunca o demonstrasse.  A questão é: tudo o que mais tinha pavor, tudo o que eu não queria que acontecesse, aconteceu – e eu não pude fazer nada para evitar!
Não consegui fugir para lugar nenhum porque mal lembrava meu próprio nome, não consegui sair correndo porque não conseguia fazer meu cérebro processar meus comandos, sentia tanta dor que não lembrava do meu plano de conquistar o mundo. Em segundos tudo o que eu acreditava se desfez, novamente, entre meus dedos, e, não pude fazer nada.
É como em um filme; eu vivo e revivo praticamente a mesma história, o pior é ser a personagem principal. Lá fui aprender tudo de novo. Precisei aprender a falar, a identificar as pessoas, a segurar as coisas sem derrubar, a me equilibrar, entre outras coisas que aprendi quando era criança e minha mãe segurava em minha mão – eu com 23 anos ela precisou fazer as mesmas coisas. Sem contar com o pavor que me dava de pessoas que minha cabeça teimava em não reconhecer!
Foi horrível. Eu precisei me adaptar novamente a situação. Teve dias que não levantei da cama, outros só dormia, e assim já se foram quase três meses de tratamento. A pulso está judiando do meu organismo, meu fígado não está bom. Mas, a doença está estabilizando, graças a Deus.
Aprendi, ou melhor, reaprendi a ter mais paciência com as coisas, e por mais que eu não consiga, por enquanto, ficar em lugar onde tem muitas pessoas, as coisas estão se ajeitando. Estou sem ver meus amigos ( se você é meu amigo chegou até aqui) há um tempo, e quero não recuperar o tempo perdido, mas quero aproveitar o que teremos.
Minha madrinha vive mandando eu aproveitar a vida intensamente, ela tem razão! Por que você nunca sabe quando pode parar o carro em sinal e esquecer onde esta, não é mesmo?
Sabe os alpinistas? Eles costumam tirar fotos no alto da montanha, quando chegam em seu objetivo e todos os invejam por isso, mas ninguém imagina o quão difícil foi a trajetória, quais as dificuldades que teve no caminho e quantas vezes eles pensaram em desistir. A vida da gente é assim, se não tivermos um foco é fácil tropeçar, cair e ficar no obstáculo – o problema maior é que podemos estar bem próximo do topo, pense nisso – juro que andei pensando!!!

Ahhhh...
Feliz ano novo!!! :D