27 de outubro de 2014

Parece piada...



De junho até agora não quis me manifestar sobre a vida. Talvez porque eu não estava preparada para colocar na balança sobre tudo o que vem acontecendo, ou o que pode acontecer. Digo em junho, porque foi no mês que recebi uma notícia muito pesada sobre tudo.
Parece piada quando recebemos um diagnóstico ruim do nosso médico. Parece piada você não conseguir conciliar a vida com isso. É uma piada de mau gosto, sem rima ou sem nenhum nexo. É como você querer encaixar um personagem no papel que não é dele.
Aquele personagem que estava diante dele não era eu. Sou cheia de sonhos (mesmo alguns sendo praticamente impossíveis), sou cheia de vida - por mais que muitas vezes a própria vida tenta me sabotar. Não era eu! Simples assim, e não é negação de paciente teimoso, é um fato comprovado.
Não é que eu não queira aceitar, mas a dor é de um tamanho que matemática nenhuma explicaria. É como você querer voar e alguém prender suas asas. Aliás, acredito que essa é a melhor definição de tudo: o podar de suas asas.
Eu quero viver! Esse é meu melhor lema. Dia desses eu senti vontade de sair gritando, fui lá e fiz. Ontem era 10 da noite e deu vontade de fazer bolo, mesmo eu não sendo boa nisso, me arrisquei. Não é que eu queira viver 60 anos em 5, não é isso, mas tenho uma necessidade incrível de viver tudo.
O que me parece é que o tempo está correndo muito, e eu preciso acompanhar. Não por capricho ou mimos. É por uma única necessidade: a de viver!
Um dia eu ouvi que quando você recebe o diagnóstico de doença autoimune é uma auto sabotagem, e não é isso. Já parou para pensar em quantas pessoas lutam e conseguem viver? Penso que não ficam presas a diagnóstico, deve ser esse o segredo.
Quando tinha 18 anos achei que tivesse lúpus, mas não foi confirmado. Juro! Achei que ia morrer, achei que perderia toda minha juventude em um hospital sem poder ver a luz do sol. Quanta ingenuidade! O ser humano tem uma capacidade incrível de se adaptar a tudo nesse mundo, até mesmo com a dor, acredite!
Ando querendo um pouco de tudo, quem sabe assim eu junto tudo e virá algo legal. Sou presa a datas, e tô querendo quebrar essa "regra". Estou tratando seriamente na terapia. Dia 31 de maio, por exemplo, eu tinha um medo, um pavor terrível dessa data, mas o medo, a angústia, o sofrimento, foi apenas em 2010. Passou! Esse ano me diverti horrores neste dia, conheci pessoas e o mais importante - fui feliz.
Parece clichê, e eu até gosto de alguns, confesso! Mas preciso me permitir! Não sei ao certo se minha ficha caiu, porque justo eu que sempre tive a "cabeça boa", agora tenho que controlar a mesma. Estranho, não? E odeio a sensação que as pessoas não iriam entender, ou sentir dó. Aliás, odeio que sintam dó de mim, porque não vejo necessidade alguma nisso!
Tenho medo, muito medo, por sinal. Sou a pessoa mais medrosa desse mundo. Mas, o meu maior medo tornou-se esquecer de tudo e todos. Sei que isso vai acontecer, e tudo o que eu já planejei pode ir para água baixo. Mas, não tem problema, enquanto eu ainda tiver consciência de tudo, vou levando.
Talvez eu não tenha entendido tamanha gravidade. Ou talvez eu tenha e não queira mesmo pensar nisso. Talvez eu possa escrever mais textos. Talvez eu deixe o blog de lado. Talvez eu cometa loucuras insanas. Talvez eu me comporte como uma mocinha obediente. Talvez eu me cale. O que eu tenho certeza é que neste momento estou com uma sede lascada de viver tudo o que puder.
Até porque se caso eu não tenha lembranças, terei fotos para contar histórias! Por isso hoje eu excluí históricos de diversas mídias sociais, a partir de agora não quero nada que me atrase - acredite, isso não é uma citação de CFA ou Clarice Lispector - é um novo rumo que resolvi seguir.

A partir de agora só fica o que, quem, for para me fazer feliz, do resto não vou lembrar mesmo! ;)