Uma vez ouvi dizer que a gente precisa de um tempo para se estabilizar
depois de um abalo emocional, mas o que não sabemos é que nunca entendemos o significado
desta frase até passarmos por ele. Depois de 2010 tinha medo de precisar
lembrar de todo o sofrimento e transtorno de hospital, e mais ainda, medo da
palavra UTI. Mas, o destino é sacana quanto mais fugimos, mais ele empurra as
armadilhas para nosso caminho.
Sempre me classifiquei como antes e pós o lúpus, até por que
a doença não é segredo para ninguém, no entanto eu sempre tive medo dela – por mais
que eu nunca o demonstrasse. A questão
é: tudo o que mais tinha pavor, tudo o que eu não queria que acontecesse,
aconteceu – e eu não pude fazer nada para evitar!
Não consegui fugir para lugar nenhum porque mal lembrava meu
próprio nome, não consegui sair correndo porque não conseguia fazer meu cérebro
processar meus comandos, sentia tanta dor que não lembrava do meu plano de
conquistar o mundo. Em segundos tudo o que eu acreditava se desfez, novamente,
entre meus dedos, e, não pude fazer nada.
É como em um filme; eu vivo e revivo praticamente a mesma
história, o pior é ser a personagem principal. Lá fui aprender tudo de novo.
Precisei aprender a falar, a identificar as pessoas, a segurar as coisas sem
derrubar, a me equilibrar, entre outras coisas que aprendi quando era criança e
minha mãe segurava em minha mão – eu com 23 anos ela precisou fazer as mesmas
coisas. Sem contar com o pavor que me dava de pessoas que minha cabeça teimava
em não reconhecer!
Foi horrível. Eu precisei me adaptar novamente a situação.
Teve dias que não levantei da cama, outros só dormia, e assim já se foram quase
três meses de tratamento. A pulso está judiando do meu organismo, meu fígado
não está bom. Mas, a doença está estabilizando, graças a Deus.
Aprendi, ou melhor, reaprendi a ter mais paciência com as
coisas, e por mais que eu não consiga, por enquanto, ficar em lugar onde tem
muitas pessoas, as coisas estão se ajeitando. Estou sem ver meus amigos ( se
você é meu amigo chegou até aqui) há um tempo, e quero não recuperar o tempo
perdido, mas quero aproveitar o que teremos.
Minha madrinha vive mandando eu aproveitar a vida
intensamente, ela tem razão! Por que você nunca sabe quando pode parar o carro
em sinal e esquecer onde esta, não é mesmo?
Sabe os alpinistas? Eles costumam tirar fotos no alto da
montanha, quando chegam em seu objetivo e todos os invejam por isso, mas
ninguém imagina o quão difícil foi a trajetória, quais as dificuldades que
teve no caminho e quantas vezes eles pensaram em desistir. A vida da gente é
assim, se não tivermos um foco é fácil tropeçar, cair e ficar no obstáculo – o problema
maior é que podemos estar bem próximo do topo, pense nisso – juro que andei
pensando!!!
Ahhhh...
Feliz ano novo!!! :D
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