Quem me conhece sabe que classifico minha vida em duas
etapas: antes e depois da minha primeira internação. Antes era aquela menina
que aceitava tudo, no entanto que queria algo para aquele momento – não que
tenha mudado muito este quesito, - mas aprendi a esperar, ter mais paciência,
enfim amadureci. Acredito que antes era, realmente uma menina, e do nada me
transformei em uma mulher forte.
Sai do hospital com muitos medos, porém acima de tudo
sabendo enfrentá-los. Sabendo que por mais que possa doer, as coisas vão
passar... Por mais dolorido que possa parecer, uma hora vira aprendizado. Foi
isso que aprendi naquela pior semana da minha vida. Porque resumo os primeiros
45 dias em uma semana, a pior.
Enfim. Sempre digo que esta fase é um divisor de águas em
minha vida. E, ela é. Mas, agora vejo que existem outros divisores. E parece
que estou no meio de um. E essa mudança toda está me deixando confusa.
Naquela época eu sabia que estava de mudança. Aliás, meu
corpo havia passado por transformações. Havia perdido cabelo. Havia sofrido
transformação no peso. Minha vida estava de cabeça para baixo. Não tinha muita
escolha, para ser sincera.
Mudei. Acredito que para melhor. Fiquei mais confiante,
mesmo cheia de incertezas. Comecei a dirigir, por mais que nunca aprendi fazer
baliza. ME JULGUEM. Hahahah! Não fiquei mais com medo de escuro. Aprendi a me
virar sozinha. Aprendi a sair a noite. Aprendi a ir em baladas. Aprendi a ser
independente e a virar quase amiga de flanelinhas, salva exceção de quando um
deles levou minha bolsa! ¬¬
Enfim, a gente muda e cresce! E a vida exige isso da gente!
Faz bem. Faz bem para currículo. Pra pele. Pro bolso. Pra cabeça. Pra vida. Mas
tem uma hora que tudo isso fica estranho. Aí do nada você se vê mudando de
novo. E concordo que a vida é uma constante. Mas, acho que depois dos 25 mudei,
não radicalmente, mas mudei muito novamente.
Então agora tem a Aryana antes da internação, depois da
internação e depois dos 25. Quando
fiquei “adultinha”, depois da internação tinha 20 anos. Foram 20 anos brincando
de ser adolescente. Agora acho que, finalmente, fiquei adulta.
E ser adulta pesa. Pesa porque você precisa ter decisões por
si. Não adianta correr pra mãe, amigos, psicólogo. É você. Só você. Eles são
apenas suporte. Mas quem dá a palavra final e quem sofre a consequência é você.
A gente não pede pra crescer. Ou a gente até pede quando é
criança, porque acha divertido. Mas, nem sabemos que divertido mesmo é brincar
de casinha, carrinho, assistir TV até tarde embaixo das cobertas, estudar para
prova de matemática que o conteúdo é adição e subtração... Isso sim é
divertido!
Do mais, ser adulto dá tanto trabalho...!