É que bate um medo, sabe? Eu sei que faz muito tempo que não
venho por aqui expressar o que está se passando dentro do meu coração, mas é
que ás vezes não conseguimos expressar o que nem nós entendemos...
Ano passado foi bom, aliás, foi muito bom! Aconteceram
tantas coisas, desde a entrega do meu canudo até a decisão de arriscar com uma
empresa. Gente, eu cresci, e de repente
eu me deparei com uma saudade de ser criança e não precisar se preocupar com
coisas de adulto... Como dizem: joelho ralado dói menos que coração partido...
Arrisquei tanto no ano passado... Tantas coisas que se foram
por medo e outras consegui enfrentar e ter orgulho de mim mesma.
Hoje estou aqui pensando - ano novo e novos planos em mente,
mas até que parte conseguimos mandar no nosso destino? E quando ele decide se
virar de pernas para o ar e ainda fazendo cambalhota?
É complicado... A gente sempre acha que está a frente de
nossas decisões até que de repente se pega imóvel, incapaz e de mãos atadas
para tomar qualquer passo à frente.
Em maio de 2010 quando o médico disse que eu ficaria em
torno de 20 dias no hospital eu me revoltei, e acabei ficando mais de 45 dias.
Agora em fevereiro de 2013 a cena se repete... Eu internei e o médico disse 10
dias no mínimo.
Tem noção de como isso soou em meus ouvidos? Imagina como eu
me senti a coisa mais sensível desse mundo? E em seguida ele dispara: você só
sai daqui operada.
Pronto! O filme começou a passar em minha mente novamente...
E o destino mais uma vez quis brincar com meu psicológico e eu parei exatamente
no mesmo quarto da primeira vez... O cheiro era familiar, o lugar eu conhecia
bem, mas deu uma sensação que por mais que eu escrevesse mil palavras não
seriam suficientes para expressar o que eu senti...
Mais uma vez resolvi enfrentar, cada agulhada que eu recebia
parecia que o filme estava se repetindo, mas não podia... Eu tinha escolhido
outra vida e outros planos faziam parte dela, até mesmo outras pessoas.
A única pessoa que sempre aguentou tudo e todos a qualquer
momento mais uma vez estava ao meu lado, ela é minha joia mais preciosa...
Minha mãe, e foi ela que eu deixei depois de 5 dias internada sozinha naquele
quarto... Foi quando me levaram para o centro cirúrgico!
Lágrimas escorreram pelos seus olhos e o técnico de
enfermagem disse: calma, daqui a pouco eu trago ela de voltar.
Um filme representaria bem o momento, sabe quando o paciente
anda pelo corredor do hospital de maca e só faz o barulho das rodinhas? Vai passando pelas placas e um sentimento inexplicável
atingia meu peito.
Chegou a hora – meus braços ficaram na famosa pose de cruz,
com equipamentos em meu peito e amarraram minhas pernas, como se fosse possível
eu fugir.
Acordei com a certeza que eu consegui passar por mais essa
etapa dolorosa de minha vida. Com uma
dúvida, até quando esses acordos mal acabados entre o meu destino e eu, vão
continuar interrompendo meus planos?
Em agosto de 2010 eu entrei para o mesmo centro cirúrgico e
retirei o útero, agora em fevereiro de 2013 eu retirei a vesícula. E aí que
fica uma insegurança, eu não deixo o lúpus tomar conta de mim e muito menos de
meus pensamentos, mas sabe aquele medinho? Aquele receio que ainda pode não ter
acabado... E me vem uma revolta, uma revolta sem fim.
Agora estou deitada há menos de uma semana da cirurgia, eu
sinto dores, mas, sei que elas vão passar... Pelo menos isso eu tenho certeza!
No mais, eu não me arrisco a falar, eu só consigo pensar que definitivamente
precisamos viver o hoje, porque até o mais tarde se torna incerto.
Bem-vindo 2013! =)